Se existe uma palavrinha que poderia ser quase um sinônimo da neurose, é a Culpa.. Diferentemente do que muitos pensam a neurose é uma estrutura saudável, justamente por ser imbuída da dúvida, da falta, da diferença e da culpa. Freud, quando colocou que o sujeito em sua estrutura pode ser neurótico, psicótico ou perverso, estava atento a este sentimento : sentir-se culpado. Então, vendo por este prisma, ser neurótico na estrutura e sentir culpa, não é ruim, pois são os sinalizadores da minha suposta normalidade. O psicótico vive no campo da certeza. E o perverso , no da estratégia. Ambos não sentem culpa. Bem, mas para não quero teorizar... só quero dizer que se a culpa nos torna capazes de amar e trabalhar(definição freudiana de normal) porque sofremos tanto com ela? É um sentimento aniquilador, que nos deixa em cárcere privado e provoca vários sintomas orgânicos desagradáveis, pela somatização. Importante pensarmos na culpa em formas distintas: Sentir-se culpado , estar culpado e ser culpado. No último caso parece que já houve um julgamento de valor, de mérito. Mas a semelhança é intrigante: A culpa é sempre depois do pensamento ou ato. Porque será? A culpa é um afeto que silencia a narrativa de um desejo. Então é importante se perguntar, antes mesmo de vitimar-se ou julgar-se, se culpando.... na causa , no antes. Se havia um desejo, havia uma verdade. Fato. Não importam mais as "desculpas" que me levaram a fazer isto ou aquilo. Portanto, nesta reflexão, crio um paradigma de antes de narcisicamente julgar a culpa , questionar o que me levou a agir assim. A partir disto, terei uma escolha de abreviar uma relação ou renová-la . Na hipocrisia do ego, há uma tendência de colocar a culpa como fim. E se a considerássemos como uma aliada? que pode nos dizer algo mais além? Penso que temos escolha na culpa, se não a infantilizarmos. Assim, saberemos melhor o porquê deste sentimento tão limitante, mas que se bem pensado, pode ser LIBERTADOR.
Ale.