"Entrei no teu jogo! Você conseguiu atingir o meu ponto fraco. Agora sou refém da minha própria fraqueza na força perversa das tuas mãos". Palavras de um paciente que me fez pensar no por quê de algumas pessoas não conseguirem sair de uma relação infeliz. De estar com alguém pelas razões erradas e sentimentos controversos. O sujeito não sente mais admiração , mais carinho, mais química , que antes sentia; Já não vê mais um sentido no objeto de amor nem na relação em si. Nem mesmo acredita que ele ainda aceita tal situação em sua vida. Neste "Nó Borromeu" que está articulado ainda, o que então mantém este sujeito ligado a alguém que lhe faz mal? Penso ser o fantasma de um sintoma deste sujeito. Pode ser algo que se organizou lá na infância, na adolescência ou mesmo num momento difícil da vida. Não houve tempo ou desejo para resolver esta "falha", que agora aparece repetidamente, de forma primeiramente inconsciente e depois mais consciente nas vicissitudes da forma de lidar com as pessoas , o mundo e si próprio. A posição em que este sujeito se coloca. Quem sai ganhando ? geralmente , ninguém! Pois quem vive uma relação assim, sabe que nada flui naturalmente.... é preciso um grande esforço de ambas as partes para manter toda esta energia do sintoma. Há um desgaste imenso do amor próprio. Aqui falo da parte que não consegue se desprender e não da parte que prende. Bem, se em algum momento, acontece um insight , como este que aconteceu com o meu paciente, há uma probabilidade deste paciente lidar com o seu real sintoma e não com um representante dele . Agora há um lugar para resolver esta questão e não as que são geradas e repetidas por ela. Quando o jogo termina, uma nova perspectiva se abre. Sustentar uma relação doentia é adiar o inevitável encontro consigo mesmo.