terça-feira, 24 de maio de 2011

A Saída da Perda.

Quem sente uma perda, é porque um dia já teve de alguma forma aquilo que perdeu. Nem que apenas a esperança de um dia ter. Quando acontece esta ruptura , vem a impotência desta dor, daquilo que eu não posso mais mudar. Acabou. Ok, o luto começa a articulação das suas 5 fases e se bem sucedida, escapamos da implacável melancolia. Mas cada um de nós tem um ritmo para lidar com as suas perdas. E isto é de extrema importância para  o sujeito. A perda nos é familiar, uma dor quase conhecida... porque é um dos primeiros sentimentos que vivenciamos na primeira infância, na relação ainda simbiótica com a mãe, que vem a ser saudavelmente,  atravessada pela presença do Pai. Então, por isto Freud escreve que o" estranho é familiar". E se assim, já conhecemos este sentimento, por isto o tememos. Não temos medo só do desconhecido... daquilo que formamos um juízo de valor e afeto, também nos inibe. Mas passado o dano da perda, precisamos pensar em ganhos. Pois se ficarmos paralisados no dano, a vida não segue. Aprender a conviver com a perda já é um ganho. A saudade são lembranças que doem... quando conseguirmos viver com estas lembranças convertidas em história pra contar, experiência pra passar, algo para não repetir, onde o lamento nos fortalece e não nos destrói, a única saída é não se perder junto, isto é a melancolia que falei acima, logo, não podemos usar o se... se eu não tivesse.... se eu tivesse...., precisamos das lembranças sem dor, que nos referencialize na vida e em direção a ela. Naquilo que somos , porque um dia fomos. Na verdade, passamos a nossa vida lidando com a nossas perdas. Não tem fim. Mas nem por isto deixamos de aprender com elas, por piores que sejam... existe aí um lugar de alento, dentro de você! Se não volta mais, não será mais como era, então precisamos fazer de um novo jeito para conseguir viver apesar do pesar da perda. Não tentemos voltar ao absoluto daquilo que era! Será uma busca sem fim. Lide com a dor a seu tempo e guarde as boas lembranças no coração, a saudade nos momentos em que as lágrimas chegam, e a esperança de que  você conseguirá nas margens do tempo, viver em Lá maior e não em Dó menor na melodia de tudo que ainda está por vir.
Bjs,e em especial há uma querida família, a quem dedico estas linhas.
Ale.  

terça-feira, 17 de maio de 2011

A Espera

Às vezes a espera é algo insuportável. Impaciência? Não só...
É impressionante a capacidade que temos de transformar uma letra ,
no alfabeto! Entendo que quando se está esperando por algo ou alguém, nos tornarmos vulneráveis e tendenciosos. Penso em confiança e estima. Pois o pensamento entra num viés negativo e parece atualizar todos aqueles sentimentos de fracasso e rejeição. E isto é puro devaneio transitório da espera. Para o prazer de uma espera não se transformar na tortura do abandono, onde uma onda de adrenalina invade o corpo e "pensar o pior" é inevitável, PARE  o curso deste pensamento , criando uma nova perspectiva de pensamento. Pense algo positivo. Crie possibilidades para justificar esta espera, sem sofrer tanto. O esperado, pode não fazer a mínima ideia do julgamento pelo qual ele já passou. É importante, deixar o outro se explicar de forma imparcial. Se você já cria uma postura reativa diante da circunstância, talvez jamais saberá realmente o que aconteceu. Não sucumba ao gozo histérico da expectativa de uma espera, sem antes, ouvir o outro lado. Afinal, quem espera também é esperado.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Culpa.

Se existe uma palavrinha que poderia ser quase um sinônimo da neurose, é a Culpa.. Diferentemente do que muitos pensam a neurose é uma estrutura saudável, justamente por ser imbuída da dúvida, da falta, da diferença e da culpa. Freud, quando colocou que o sujeito em sua estrutura pode ser neurótico, psicótico ou perverso, estava atento a este sentimento : sentir-se culpado. Então, vendo por este prisma, ser neurótico na estrutura e sentir culpa, não é ruim, pois são os sinalizadores da minha suposta normalidade. O psicótico vive no campo da certeza. E o perverso , no da estratégia. Ambos não sentem culpa. Bem, mas para não quero teorizar... só quero dizer que se a culpa nos torna capazes de amar e trabalhar(definição freudiana de normal) porque sofremos tanto com ela? É um sentimento aniquilador, que nos deixa em cárcere privado e provoca vários sintomas orgânicos desagradáveis, pela somatização. Importante pensarmos na culpa em formas distintas: Sentir-se culpado , estar culpado e ser culpado. No último caso parece que já houve um julgamento de valor, de mérito. Mas a semelhança é intrigante: A culpa  é sempre depois do pensamento ou ato. Porque será? A culpa é um afeto que silencia a narrativa de um desejo. Então é importante se perguntar, antes mesmo de vitimar-se ou julgar-se, se culpando.... na causa , no antes. Se havia um desejo, havia uma verdade. Fato. Não importam mais as "desculpas" que me levaram a fazer isto ou aquilo. Portanto, nesta reflexão, crio um paradigma de antes de narcisicamente julgar a culpa ,  questionar o que me levou a agir assim. A partir disto, terei uma escolha de abreviar uma relação ou renová-la . Na hipocrisia do ego, há uma tendência de colocar a culpa como fim. E se a considerássemos como uma aliada? que pode nos dizer algo mais além? Penso que temos escolha na culpa, se não a infantilizarmos. Assim, saberemos melhor o porquê deste sentimento tão limitante, mas que se bem pensado, pode ser LIBERTADOR.
Ale.