Quem sente uma perda, é porque um dia já teve de alguma forma aquilo que perdeu. Nem que apenas a esperança de um dia ter. Quando acontece esta ruptura , vem a impotência desta dor, daquilo que eu não posso mais mudar. Acabou. Ok, o luto começa a articulação das suas 5 fases e se bem sucedida, escapamos da implacável melancolia. Mas cada um de nós tem um ritmo para lidar com as suas perdas. E isto é de extrema importância para o sujeito. A perda nos é familiar, uma dor quase conhecida... porque é um dos primeiros sentimentos que vivenciamos na primeira infância, na relação ainda simbiótica com a mãe, que vem a ser saudavelmente, atravessada pela presença do Pai. Então, por isto Freud escreve que o" estranho é familiar". E se assim, já conhecemos este sentimento, por isto o tememos. Não temos medo só do desconhecido... daquilo que formamos um juízo de valor e afeto, também nos inibe. Mas passado o dano da perda, precisamos pensar em ganhos. Pois se ficarmos paralisados no dano, a vida não segue. Aprender a conviver com a perda já é um ganho. A saudade são lembranças que doem... quando conseguirmos viver com estas lembranças convertidas em história pra contar, experiência pra passar, algo para não repetir, onde o lamento nos fortalece e não nos destrói, a única saída é não se perder junto, isto é a melancolia que falei acima, logo, não podemos usar o se... se eu não tivesse.... se eu tivesse...., precisamos das lembranças sem dor, que nos referencialize na vida e em direção a ela. Naquilo que somos , porque um dia fomos. Na verdade, passamos a nossa vida lidando com a nossas perdas. Não tem fim. Mas nem por isto deixamos de aprender com elas, por piores que sejam... existe aí um lugar de alento, dentro de você! Se não volta mais, não será mais como era, então precisamos fazer de um novo jeito para conseguir viver apesar do pesar da perda. Não tentemos voltar ao absoluto daquilo que era! Será uma busca sem fim. Lide com a dor a seu tempo e guarde as boas lembranças no coração, a saudade nos momentos em que as lágrimas chegam, e a esperança de que você conseguirá nas margens do tempo, viver em Lá maior e não em Dó menor na melodia de tudo que ainda está por vir.
Bjs,e em especial há uma querida família, a quem dedico estas linhas.
Ale.